quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Pensamento Ecológico

Já toda a gente deve ter constatado, alguns até padecerão deste mal, que anda para ai uma febre ecológica crescente que ameaça afundar as nossas consciências como o maremoto fez a Lisboa em 1755.

Alguns destes ecológicos individuos, os mais fervorosos, defenderão ainda que este terá sido desde logo obra do homem, num inexplicável, mas plausivel (aos seus crentes olhos), efeito retroactivo das lacas de cabelo e desodorizantes utilizados por coquettes que só nasceriam 200 anos mais tarde.

Não é que eu seja um gajo céptico, mas estas e outras teorias são me profundamente indigestas e não sou gajo de comer o que me faz mal. Ora, se não me engano, na minha posição de leigo curioso, há cerca de 10 000 anos a Terra, este planeta simpático, tal como o comprovaram os lisboetas de 1755 e os tipos em Pompeia ainda no tempo em que um deus só não chegava e a malta tinha uma mão cheia deles para se haver, era um glaciar imenso com mais de 1 kilómetro de espessura de gelo em plena europa ocidental ( mais uma vez é discutível a influência do homem nesta situação). Considerando que não existe registo de substanciais diferenças de clima no tempo em que Sócrates se passeava apenas com um trapinho à volta do corpo, é de afirmar que em apenas oito mil anos, uma "pequenina" transformação se deu no planeta, e não foi por obra do homem, é um processo que está para lá do nosso controlo. E isso é coisa que não agrada a estas obstinadas, desagradáveis, mas necessárias personagens, que, incapazes de controlar as suas próprias vidas, procuram controlar as dos outros.

Não nego a importância de uma consciência ecológica, mas numa perspectiva civilizada de sustentabilidade que nos sirva, e não como uma cruz que devemos arrastar, como mártires à procura da absolvição.

gozem

A Melhor Juventude II

"A Melhor Juventude"(2003), de Marco Tullio Giordana, é afinal um épico de seis horas dividido em duas partes, e a segunda foi transmitida, sem aviso prévio, no canal 1 da RTP, já em meados de Janeiro de 2007. O filme é sublime na forma terna e justa com que lida com cada uma das personagens. Conta a história de dois irmãos e de um acontecimento, aparentemente subtil, que molda para sempre, e de uma forma tão distinta, as suas posturas perante a vida. No entanto a vida encarrega-se de adensar o enredo com a arbitrariedade omnipotente, tão sua, e o resultado final.. bom, o resultado final chega ao fim das seis horas como um deleite gastronómico tem, por fim, que terminar, ainda com as recordações dos sabores experimentados tão vivas no paladar.

Um dia, quando aprender a escrever, vou poder descrever o prazer que me deu o filme.
Bom, vão ver o filme!