quinta-feira, setembro 25, 2008

Soltar amarras e sentir o barco a libertar-se suavemente, a balançar. Os sons mudos da água lançam um manto de tranquilidade na paisagem que me rodeia. O horizonte arde escarlate, antes de ceder finalmente ao anoitecer que se aproxima. Multiplicam-se os sinais daqueles que esperavam a noite para se lançarem no território para lá dos seus refúgios, demasiado exposto durante o dia. Uma orquestra de grilos ensaia um concerto em lá menor, enquanto uma cigarra distraida mantém um solo lírico por mais alguns minutos. O guincho impertinente de uma ave de rapina interrompe este espetáculo, que rápidamente se recompõe e retoma o seu tom destacado. Ao longe descubro o som de um mocho e adivinho o vaguear hesitante de um roedor esfomeado.

Facturar, aumentar o lucro, especular, distribuir dividendos e calcular margens, retalhar, retalhar.

Arrepiante, ouvir o Corporate Cannibal da Grace Jones, com um toque de Tricky à mistura.