Alfredo Barroso escreve um muito interessante artigo na revista 6ª, do DN, que destoa no registo actual do discurso, generalizado e beato, dos principais orgãos de comunicação social e difusores da chamada "informação imparcial" ( o que é desde já uma conjugação de palavras anacrónica) que invadem diariamente as nossas casas, e deslumbradas mentes, com a importância dos valores económicos, qual testemunha de jeóva sorridente que convidamos a entrar.
Como uma dona de casa aborrecida, que consome avidamente todas as revistas do cor-de-rosa a que tem direito, também o cidadão comum se congratula de saber as últimas manobras da OPA da Sonae à PT, ou mesmo, das intrigas que estão por trás da última fase de privatização da Portucel, como quem assiste numa posição voyerista aos romances distantes de um circulo social a que a esmagadora maioria nunca terá acesso, mas que logra manter a alegre passividade desta massa anónima eleitora, tão necessária ao funcionamento da máquina económica. Enfeitado de um sorriso infantil, mas desgostoso (como quem tem consciência, esporádica, da sua condição) o cidadão comum, inundado de revistas e suplementos económicos, finge participar numa peça, que disfarçada de democracia, continua a ser representada por uma imensa minoria.
90% do capital bolsista mundial está na mão de 300 milhões de pessoas espalhadas pela Europa, EUA e japão, o que representa algo como 5% da população mundial, e sabendo ainda que a maioria são pequenos e irrelevantes investidores sem poder algum nas empresas em que detêm participações.
Os recursos são finitos e a globalização promete o life style ocidental ao resto da população mundial que queira entrar neste admirável mundo novo, o que parece manifestamente complicado.
Resta saber que vem ai a nova série dos Morangos!!
A vida é bela!