Memórias de cheesecake e tarte de maçã, ajudam a passar dias de bolacha de água e sal.
Ou não..
terça-feira, abril 29, 2008
segunda-feira, abril 28, 2008
Ás vezes dou por mim renitente em assumir que estou. Indeciso de ser, embriagado pela tentação de não passar de substância volúvel, em contínua observação, matéria em construção, a definir. Mas tudo à minha volta me pressiona a mostrar que existo, que tomo uma posição, que não sou indiferente.
Este fim de semana, no meio do mar, não pude deixar de assistir a uma metáfora da minha vida. O mar revolto do alentejo dava ares da sua beleza rude e eu insistia em poupar o meu fôlego e energias para aquela onda ideal, aquela formação que justificaria cada entrega dos meus movimentos, uma onda em que eu fluiria com gratificante prazer, satisfeito por me ter lançado a ela. As ondas iam passando e eu hesitava repetidamente. Argumentos não faltavam: um surfista mais bem colocado, uma onda que iria fechar abrutamente, uma parede demasiado íngreme e intimidante.
No mar, um pouco como na vida, existe um fronteira que divide a zona de rebentação ( ou inside), da zona de calma onde as ondas não rebentam ( o outside). Esta fronteira nem sempre está claramente definida, mas é neste limbo que o surfista se coloca. É aqui, onde a onda atinge a sua altura máxima antes de ceder ao peso da sua crista e rebentar, que se aproveita o seu impulso para fluir ao longo da massa de água, que se ergue paralela à costa. Alguns metros para lá desta linha e apenas se colhe uma massa de água turbulenta, alguns metros atrás e a impulsão não chega para nos arrastar.
Embora no outside, a corrente arrastava para a zona de rebentação e eu, ora cedia hesitante, preparando-me para me lançar a alguma onda, ora regressava ao outside para evitar um set inesperado. Foram inúmeras as hesitações e a cada duas aproximava-me do inside e as ondas rebentavam diante de mim, envolvendo-me numa turba de água revolta. É certo que "apanhei" algumas ondas, mas não tantas como poderia ter apanhado se não estivesse tão preocupado em controlar o momento, em querer o mar moldado a mim, rogando pragas a poseidon pela falta de consideração.
Insisto (é patológico) em querer ficar no outside a escolher ondas à la carte, mas a vida sempre me puxa para a realidade com violentas turbas de água.
Moral da história: Hajam umas ondas pelo caminho.
PS: Eu gosto de surfar mas sou um gajo com um pulmão fraquinho.
Este fim de semana, no meio do mar, não pude deixar de assistir a uma metáfora da minha vida. O mar revolto do alentejo dava ares da sua beleza rude e eu insistia em poupar o meu fôlego e energias para aquela onda ideal, aquela formação que justificaria cada entrega dos meus movimentos, uma onda em que eu fluiria com gratificante prazer, satisfeito por me ter lançado a ela. As ondas iam passando e eu hesitava repetidamente. Argumentos não faltavam: um surfista mais bem colocado, uma onda que iria fechar abrutamente, uma parede demasiado íngreme e intimidante.
No mar, um pouco como na vida, existe um fronteira que divide a zona de rebentação ( ou inside), da zona de calma onde as ondas não rebentam ( o outside). Esta fronteira nem sempre está claramente definida, mas é neste limbo que o surfista se coloca. É aqui, onde a onda atinge a sua altura máxima antes de ceder ao peso da sua crista e rebentar, que se aproveita o seu impulso para fluir ao longo da massa de água, que se ergue paralela à costa. Alguns metros para lá desta linha e apenas se colhe uma massa de água turbulenta, alguns metros atrás e a impulsão não chega para nos arrastar.
Embora no outside, a corrente arrastava para a zona de rebentação e eu, ora cedia hesitante, preparando-me para me lançar a alguma onda, ora regressava ao outside para evitar um set inesperado. Foram inúmeras as hesitações e a cada duas aproximava-me do inside e as ondas rebentavam diante de mim, envolvendo-me numa turba de água revolta. É certo que "apanhei" algumas ondas, mas não tantas como poderia ter apanhado se não estivesse tão preocupado em controlar o momento, em querer o mar moldado a mim, rogando pragas a poseidon pela falta de consideração.
Insisto (é patológico) em querer ficar no outside a escolher ondas à la carte, mas a vida sempre me puxa para a realidade com violentas turbas de água.
Moral da história: Hajam umas ondas pelo caminho.
PS: Eu gosto de surfar mas sou um gajo com um pulmão fraquinho.
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